quarta-feira, 25 de maio de 2011

Artífice do futuro

Arquiteto, engenheiro e professor, Werner Sobek repensa conceitos e só quer saber de inovar. Para o criador do Conselho Alemão de Construção Sustentável (DGNB), tecnologia e bom design devem se desenvolver cada vez mais para que a preservação do meio ambiente também seja um exercício do belo.

Arquitetos e engenheiros irão enfrentar a tarefa de tornar a ecologia atrativa e excitante
Ele deixou boquiabertos os engenheiros de uma famosa montadora alemã ao sugerir que um automóvel é tal qual uma casa, uma roupa, um invólucro. Então, como nunca se pensou em analisar o microclima dentro do carro? Werner Sobek defende o conforto ambiental em qualquer lugar - deveria acompanhar o indivíduo no quarto, na empresa, na rua, no transporte. Sua paixão por automóveis foi mais uma inspiração para pensar longe do lugar-comum e sugerir experimentação e melhoria.

Curioso e determinado, pesquisou durante anos para montar a própria residência segundo o paradigma do Triple Zero® (Triplo Zero), criado por ele. É simples mas engenhoso para resolver: a casa não precisa de energia externa, pois é capaz de gerá-la por meio de células fotovoltaicas, não emite CO2, não produziu lixo durante a construção nem produzirá em reformas ou na demolição (que ele prefere chamar de desmontagem). Dessa mesma morada, na cidade de Stuttgart, Alemanha, o arquiteto vanguardista concedeu a Construção Sustentável esta entrevista exclusiva.

CS: Quais os maiores problemas da construção nos dias atuais?


Houve grande progresso na economia de energia para aquecimento e resfriamento. Mas muito precisa ser feito para captação e armazenamento de energia e para a interação do ambiente construído com as futuras motos e carros elétricos [os carros elétricos precisarão de energia e a casa poderá gerá-la]. E também em relação ao ciclo de vida completo de uma construção, minimizando a energia retida nela [gasta para produzir seus materiais] e fazendo que seus componentes sejam completamente recicláveis.

Contribuição: Fabiani Cichella



  • Confira algumas imagens de trabalhos do Triple Zero®:

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Wetlands: Banhados artificiais tratam esgoto com técnicas naturais


Com informações da Agência USP - 30/03/2011

A equipe do professor Marcelo Nolasco, da USP, desenvolveu um novo sistema de tratamento de esgotos usando métodos naturais, conhecidos como banhados artificiais.
Dentro dos tanques, diversos processos biológicos naturais promovem o tratamento das águas residuárias com o auxílio das populações de microrganismos que se desenvolvem na zona das raízes das plantas e no meio filtrante. [Imagem: Marcos Santos/Ag.USP]
                               Banhados artificiais

A técnica, também conhecida com wetlands (área pantanosa), usa tanques nos quais areia, cascalho ou outros materiais, funcionam como meio de suporte para o crescimento de plantas aquáticas (macrófitas).
Dentro dos tanques, diversos processos biológicos naturais promovem o tratamento das águas residuárias com o auxílio das populações de microrganismos que se desenvolvem na zona das raízes das plantas e no meio filtrante.

Segundo o professor Nolasco, o relato mais antigo de utilização desse sistema veio de um estudo de 1953, desenvolvido no Instituto Max Planck, na Alemanha.
O uso dos banhados artificiais surgiu a partir da observação de que o sistema era eficiente na remoção de poluentes químicos e de patógenos - a água que entrava poluída nesses banhados saía com melhor qualidade.

                                Benefícios das wetlands

Outras vantagens do tratamento natural de esgotos são o baixo custo e os benefícios ambientais do sistema.
Por utilizar materiais de baixo custo e que não precisam ser transportados por longas distâncias, a implantação do sistema de wetlands fica mais barato do que uma estação de tratamento tradicional.

Sob o ponto de vista ambiental, os banhados artificiais têm capacidade de suportar variações na vazão de água, o que é muito importante nos dias de chuvas fortes. E a grande população de organismos que ali convivem acabam favorecendo a biodiversidade.
"É um sistema que se integra à paisagem natural, utilizando plantas da própria região onde é implementado", explica o professor.

                                   Tratamento de águas residuárias

Segundo Nolasco, a ideia de trabalhar com o sistema de banhados artificiais surgiu da necessidade de criar uma nova estrutura para que os alunos pudessem realizar estudos na área de tratamento de águas residuárias.
A estrutura de pesquisa, que acaba de ser implementada, permitirá o desenvolvimento de novos estudos.
Os sistemas de banhados artificiais foram selecionados por serem alternativas tecnológicas sustentáveis, robustas, de forma a atender a necessidade de ampliação do conhecimento por tecnologias descentralizadas de tratamento de esgotos no Brasil.
Em diversos países, esta é uma tecnologia em amplo desenvolvimento, mas relativamente pouco desenvolvida no Brasil. "É um sistema que pode ajudar a diminuir o alto défice existente no Brasil com o tratamento de esgoto", diz Nolasco.

O laboratório, mais parecido com uma planta-piloto, possui três unidades com características diferentes, todas abastecidas com o esgoto da própria faculdade.
As unidades foram planejadas e submetidas a diferentes configurações construtivas e operacionais para se avaliar a melhor relação custo-benefício.
Em uma delas, o volume do meio suporte (areia e pedregulho) consiste no dobro da outra. Em outra unidade, o fluxo de água é horizontal, diferenciando-se das demais de fluxo vertical e assim por diante. Dessa forma, será possível avaliar o comportamento de cada uma das unidades na remoção de poluentes químicos e biológicos, associados a cada uma das configurações.

                                     Saneamento descentralizado

A princípio, um dos objetivos da pesquisa era obter informações sobre as modalidades de reúso adequadas para a água residuária tratada. Até o momento, os estudos se mostram promissores, principalmente para os índices de nitrogênio e de sólidos suspensos.
A partir dos resultados dos estudos em andamento, espera-se que o projeto obtenha novos recursos junto às agências de fomento e na iniciativa privada, de forma a ampliar o âmbito do estudo e o retorno à sociedade com soluções apropriadas às suas necessidades.

Segundo o pesquisador Vitor Cano, que auxiliou o professor durante todo o projeto, o que o chamou a atenção nessa pesquisa foi o estudo sobre saneamento descentralizado, área que ele achou interessante e a qual pretende continuar estudando.
De acordo com Nolasco, considerando o caráter multidisciplinar do projeto, o próximo passo é atrair também alunos das áreas de biologia, engenharia ambiental, engenharia civil, arquitetura, química, entre outros, para juntos, aperfeiçoarem os projetos a partir do sistema já construído.
"No futuro pretendemos atrair novos alunos de graduação, da pós-graduação, pós-doutorandos e montarmos um parque demonstrativo de soluções para o tratamento de águas residuárias", completa.

Fonte: http://www.inovacaotecnologica.com.br/  acesso em 11/05/2011.
Contribuição:  Deise Colonetti.